COVID-19: confira o relato de uma brasileira em Hainan
A crise causada pela pandemia do novo Coronavírus tem causado dúvidas em todas as esferas da sociedade. A política, a saúde e a economia sentem fortemente o impacto da situação. No primeiro país infectado, a China, a normalidade está sendo restaurada dentro do possível.
Uma química brasileira (nome em sigilo por contrato) trabalha em uma grande empresa do setor da celulose, mora na China há 3 anos e sentiu na pele os efeitos do período de quarentena. Após uma viagem, ela foi obrigada a ficar em isolamento por 14 dias. Durante esse tempo, ela continuou trabalhando em casa, além disso dedicou-se a outras atividades, como aulas de mandarim. “Foi uma sensação desafiadora. Pensei em como iria sobreviver a isso sozinha nesse tempo. Consegui passar por esse período sem entrar em desespero”, ela reflete.
O país passou por dois meses de quarentena e agora a situação está sendo normalizada. Na região de Hainan, onde a química reside, os estabelecimento voltaram a funcionar parcialmente e as pessoas estão voltando às ruas. Ela observa o impacto na economia local, principalmente nos negócios pequenos. “Ainda não sabemos o impacto verdadeiro, mas a tendência é que os pequenos empreendedores sejam os mais prejudicados. Mesmo com subsídio do governo é possível que muitos negócios não sobrevivam”, comenta.
Além disso, a pandemia de COVID-19 também afeta o sistema de importações. Dentro do setor da celulose, grande parte das importações vem do Brasil e, apesar de um estoque suficiente, a falta de novas cargas pode causar um impacto. A madeira também e toda importada inclusive do Brasil. “Desde janeiro não chegam navios de celulose. O Brasil exporta 90% da produção e 40% vem para a China. O impacto é muito grande para os dois lados”, explica. Ainda no setor, ela destaca que durante a epidemia a produção da fábrica não parou. A química observa uma mudança de prioridade. Essa situação envolveu doações para o governo chinês e um aumento na produção de papel tissue (lenços e outros) e embalagens, para suprir o aumento de 200% nas compras online.